[Missões] - C. Hikano
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[Missões] - C. Hikano
Missão Rank D (Nº1)
Nome: Animais Selvagens
Rank: D
Descrição: Alguns animais estão destruindo plantações ao sul da cidade, os donos das plantações deram informações que os animais tem a forma de lobos e num combate não devem ser tão forte. Sua missão é ir até a plantação e aniquilar os animais.
Recompensa: 500,00 Jawels
Ainda não havia passado muito desde que eu saí da guilda em direção a minha primeira missão. Acho que eu estava um pouco nervoso, e por isso resolvi sair o mais rápido possível e chegar ao meu destino o quanto antes. Pelo caminho fui observando diversos tipos de coisas e animais, mas sabia que não era hora pra isso então foquei apenas no que iria fazer assim que chegasse ao meu destino.
- Pelo que eu li, então os donos das plantações acreditam que existem lobos atacando e destruindo suas plantações... – cocei um pouco a cabeça enquanto falava, tentando entender melhor o que estava acontecendo.
– Isso parece meio... sei lá! Mas acho que tem mais coisa envolvida nisso aí.
Estava chegando em uma das plantações e parecia que o dono do lugar estava mais que feliz em me ver, ele veio correndo até mim, cansado, e perguntando se eu era mesmo o santo mago que veio salvar sua doce plantação e todo aquele típico exagero de alguém que precisa de ajuda desesperadamente. Ele foi me explicando pelo caminho até o ponto onde ele vê os animais, e dizendo que eles quase sempre aparecem quando o sol está quase desaparecendo, vindos das florestas mais ao sul e que ele sempre via seus olhos brilhantes e vermelhos, alguns fazendeiros das plantações vizinhas já tentaram ir atrás deles mas disseram que era velozes demais para eles e que as vezes se escondiam na floresta, o que era um péssimo lugar para se entrar sozinho no meio da noite. Depois de algumas instruções e dicas, fui seguindo em direção ao ponto em que o fazendeiro dizia ver os animais. Fiquei parado ali observando a área por quase duas horas, rodando e rodando, procurando alguma pista ou marca que eles tenham deixado. Curiosamente achei apenas plantas destruídas e pequenas raízes arrancadas da terra.
- Agora sim isso tudo faz menos sentido ainda...
Não demorou e já comecei a ouvir algum barulho vindo da floresta, como se algo se aproximasse. Escondi-me atrás de uma das pedras que estavam formando uma pequena barreira divisória entre uma parte da plantação e a floresta, e observei enquanto pequenos olhos vermelhos saiam de dentro das sombras das arvores. O sol estava começando a desaparecer, sabia que aquilo ficaria complicado se escurecesse então assim que eles saíram de dentro da floresta, dei um pulo para fora da barreira e acho que assustei os animais.
- Olá! – Disse olhando para os dois primeiros que me encaravam.
Eles eram cinco no total e tinham a cara mais estranha que eu já vi. Além disso, tinham uma pelagem estranha, como eu nunca tinha visto em animais daquele tipo antes. Eles começaram a me olhar e a rosnar para mim, dois deles ficaram mais recuados e os outros três se aproximaram um pouco. Fiquei observando os três que se aproximaram e tentei não me mexer muito, para que eles não se assustassem e tentassem me atacar. Foi meio que dito e feito. Bastou eu olhar para o da esquerda, e o da direita saltou em minha direção com velocidade. Aquilo talvez não fosse a coisa mais inteligente a se fazer, mas preferi não dar muitas ideias e apenas usei o reequipar para pegar minhas Lâminas Gêmeas e com isso me defender do ataque.
As garras dele eram afiadas, e mesmo assim ainda me causaram um pequeno arranhão, talvez porque eu ainda não era muito bom com aquilo, então antes que ele tentasse me atacar novamente, girei em sua direção e tracei um corte diagonal nele, fazendo com que ele caísse imóvel ali mesmo. Escutei um barulho de galho se quebrando dentro da floresta e isso me distraiu um pouco, outro lobo me atacou e me derrubou, ficando encima de mim, tendo apenas minhas espadas entre nós. Meus braços estavam livres para movimentos então deixei as espadas bloqueando sua mordida e abri rapidamente os braços, derrotando o segundo lobo da pequena alcateia. Os outros três recuaram um pouco e então me levantei e olhei bem para a floresta.
- Acho que agora já é meio obvio que tem alguém escondido atrás da arvore! Eu vou ter que ir verificar ou vai sair de boa vontade?!
Outro som de galho vindo de trás de uma arvore e então um velho homem com aparência estranha e um pouco irritado saiu de trás da arvore. Ele parecia nervoso e estava com um chicote velho nas mãos e um pouco assustado.
- Co...como foi que...que vo...vo...você desco...co...briu sobre mi...mi... mim?! – Ele pareçia mais assustado agora.
- Isso não são lobos! São cães normais, mas dos grandes! Tão grandes que parecem lobos na fase adulta, mas você errou em alguma coisas! Primeiro que lobos não atacam seres humanos a não ser que suas vidas dependam disso, e nesse caso, foram eles que fizeram o primeiro movimento então ficou claro que não eram lobos! Segundo... as marcas de destruição das plantações não parecem ter sido feitas por animais famintos, deixaram todos os frutos e vegetais aqui, destruídos! E terceiro... Lobos são carnívoros! Porque raios teriam lobos destruindo plantações de vegetais?!
Ele parecia um pouco como se falasse “meu deus, como eu sou burro, próxima vez escolho toupeiras!”, mas na verdade ele disse apenas “avante!” e os outros três animais então vieram encima de mim, felizmente eles não eram bons de batalha, apesar de que eu também não era muito bom, mas conseguia ser melhor que eles. O primeiro veio encima de mim e consegui saltar e passar um corte logo acima da sua cabeça, então voltei ao chão e numa cambalhota acertei um chute no segundo e então bati com força em sua cabeça com o cabo da espada. O terceiro, foi mais fácil, apenas apontei a espada em sua direção e ele pulou encima de mim, tecnicamente ele cometeu suicídio. O velho então soltou o chicote e fez cara de medo, então tentou correr, mas eu pulei nele e o derrubei a tempo. Coloquei a espada apontada para ele e o deixei imóvel.
- Acho que deveria ter pego toupeiras! – honestamente se o que ele queria era causar destruição a uma plantação, até um exercito de formigas seria mais útil e menos obvio do que cães.
Depois que levei o homem até o dono da plantação atacada, ele o reconheceu e disse ser seu ex-agricultor. E que tinha sido demitido por sempre roubar a plantação. Provavelmente ele criou os animais e os treinou para destruir a tão amada plantação do dono que o demitiu. Feito meu trabalho, deixei que o dono da fazenda cuidasse de seu ex-agricultor, ele então me agradeceu e fui voltando para a cidade, não era nem 10 minutos de caminhada até estar de volta a civilização então fui mesmo sendo noite, o caminho parecia ser bem tranquilo e livre de problemas.
Charlie H. Ayzawa- Cidadão
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Idade : 28
Localização : Caminhando pela cidade
Re: [Missões] - C. Hikano
@Aprovado...
Obs: Uma das melhores missões desse forum, parabéns...
Obs: Uma das melhores missões desse forum, parabéns...
Synyster Gates- Cidadão
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Data de inscrição : 08/04/2013
Idade : 28
Localização : Lamia Scale
Ficha Mágica
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(1000/1000)
PM:
(1000/1000)
Dinheiro: 500,00
Re: [Missões] - C. Hikano
Missão Rank D (Nº2)
Nome: Roubo de Frutas
Rank: D
Descrição: A feira da cidade esta sofrendo com diversos roubos. Todo dia diversos frutos somem das barracas. Sua missão é encontrar o culpado e prende-lo.
Recompensa: 500,00 Jawels
Não havia passado muito do meio-dia quando saí da guilda em direção a minha segunda missão. Não sei se posso chamar muito aquilo de missão, na verdade era mais uma tarefa, prender alguém que rouba frutas é algo que até a policia poderia fazer, mas pelo visto as pessoas não gostam de envolver muito a policia em alguns dos casos. Esperava ir logo para o lugar marcado, procurar os ladrões, prende-los e poder voltar para a guilda, onde eu esperaria ansiosamente por um café ou um chocolate quente, havia tomado um no outro dia e era realmente fantástico! Mas agora, devo me concentrar apenas em realizar rápido minha missão.
Não demorei para chegar até a feirinha, afinal ficava apenas algumas quadras da guilda, então foi fácil chegar até lá. Assim que cheguei já percebi todos aqueles vendedores vindo encima de mim quando passava perto de suas barracas, todos querendo me vender coisas e todos falando ao mesmo tempo, era um pouco estranho e meio desconfortável aquilo, mas não quis atrapalhar então apenas fui passando direto e dizendo “não, obrigado!”. Mas foi quando passei por uma barraca onde vi uma mulher assustadoramente cortar fora a cabeça de uma galinha, e isso me fez dar um pulo para trás, que um velho senhor sentado numa cadeira de balanço mais a frente riu da minha cara e disse:
- Parece que não está acostumado a vir muito aqui não é?! – ele fumava um tipo estranho de cachimbo enquanto a cadeira o levava para trás e para frente.
- P...Pois é! Eu... meio que vim pela primeira vez agora, já havia passado por aqui mas nunca havia entrado no meio das barracas. – Eu ficava evitando olhar para o lado, tinha medo daquela mulher estar segurando aquela galinha sem cabeça e olhando em minha direção como num filme de terror, só faltando dizer “Você é o próximo, garoto!”, então preferi apenas olhar para o velho e coçar um pouco a cabeça.
- E o que trás um jovem vestido assim até aqui se não for para comprar as deliciosas galinhas da senhora Haru?! – Ele sabia que eu havia me assustado com a cena da galinha perdendo a cabeça e disse aquilo apenas para me zoar, então começou a rir e eu resolvi acompanha-lo nisso.
- Bem, na verdade... – Fui colocando a mão no bolso e procurando o papel da missão – Na verdade eu vim por causa disso! – Mostrei a ele o papel e ele o leu cuidadosamente apertando a vista como se não tivesse a visão muito boa.
O velho se levantou da cadeira e sem dizer nada apenas começou a andar lentamente em direção ao final do corredor de barracas e fez um sinal com a mão para que eu o seguisse. Fui seguindo o senhor, mas logo que comecei a passar por outras barracas, novamente me via cercado de vendedores tentando me fazer comprar coisas e eu apenas com uma cara meio tímida dizendo “Não, obrigado!”, acho que até mesmo se eu visse algo que gostaria de comprar, a visão da galinha me impediria de compra-la. Foi então que o velho homem parou diante de outra ala de barracas e esperou por mim, quando consegui me livrar dos vendedores, fui até ele estava.
- Aquelas barracas daquele lado, são onde mais ocorrem os roubos! A parte de frutas! Lá vão poder lhe dizer mais sobre o que fazer. – Ele falava enquanto olhava na direção leste da feira, havia barracas mais cheias de cores naquela direção, todas cheias de diferentes frutas. Agradeci ao velho senhor, que logo voltou a sua cadeira, e fui em direção às barracas de frutas. Lá falei com alguns outros vendedores e eles disseram que os ladrões normalmente aparecem pelo primeiro turno, todas as manhãs assim que as pessoas começam a aparecer, e com maior frequência nas sextas. Agora já era quase de tarde então provavelmente não haveriam roubos a partir dali, então depois de conversar com os vendedores e acertamos algumas ideias e maneiras de ficarem mais atentos a suas mercadorias, fui voltando para casa e esperando no dia seguinte conseguir pegar os tais ladrões bem cedo. O resto do dia passei em casa, e avisei aos vendedores que se algo acontecer no final daquele dia, deveriam me avisar imediatamente. Mas ninguém veio. O que significava que nada aconteceu.
Na manhã seguinte, lá estava eu, com os olhos mais fechados do que abertos e sentado numa caixa de madeira entediado enquanto os vendedores acabavam de chegar e arrumar suas mercadorias. O velho senhor também estava lá, parado, sentado em sua cadeira dessa vez virada em minha direção. Olhei para ele e ele me deu um oi. Eu não gostava de acordar cedo demais, era desconfortável e eu sentia muito sono durante todo o resto do dia, aquilo ficava me deixando menos disposto para muitas coisas e para passar o tempo enquanto nada acontecia, ficava observando as pessoas que chegavam e saiam, e contava a cor das roupas que elas usavam. Laranja, verde, azul, preto, branco, rosa, vermelho e amarelo... Tantas pessoas e tantas cores... Aquilo era certamente um carnaval naquela hora do dia.
- Ladrããão!!! – Quase cai de cima da caixa de onde estava assim que um dos vendedores gritou bem alto como se estivesse morrendo. Aquilo certamente havia me despertado e agora observava que havia quatro pessoas sendo duas menores, uma mediana e um mais alto, todos correndo na direção oposta ao berro, e todas semi-encapuzadas.
- Achei vocês! – Pulei de cima da caixa e fui correndo na direção em que aquelas pessoas corriam, infelizmente haviam outras pessoas pelo caminho e isso estava me atrasando muito. Quando sai do meio daquela gente, dois dele já haviam sumido do meu raio de visão, um estava correndo para um lado e outro para o lado oposto, como se fosse um tipo de jogo de distração.
Resolvi seguir atrás do maior da turma, ele certamente era o que estava servindo de isca, então fui entrando no jogo deles, para mais tarde usar isso para achar os outros três. Ele corria por entre becos e ruas, eu nem mesmo sabia mais onde estava, saia em uma rua, entrava num beco, saia em outra rua, seguia direto, virava a direita, depois esquerda, daí ia pro beco, saia na rua seguinte e toda as outras direções possíveis, nenhuma com um destino provável. Aquilo estava literalmente me cansando, eu já não estava 100% por ter acordado muito cedo, e logo depois ainda ter que entrar numa maratona de perseguição?! Aquilo era doideira demais! Usei o reequipar e vesti a Armadura Hiperativa, com ela minhas energias seriam gastas muito mais lentamente e então consegui dar uma acelerada tremenda na distância entre mim e o homem encapuzado. Quando cheguei perto o suficiente, saltei com força e parei bem em sua frente.
- Mais um passo e eu vou ficar nervoso aqui! – O homem deu uma freada brusca ao me ver e aparentemente não tentou fugir, apenas caiu ao chão ajoelhado e com as mãos no chão, como se não conseguisse mais dar nem mesmo uma palavra.
- Você corre muito rápido pra alguém que ainda leva frutas roubadas como carga! – Ele levantou a cabeça e pude ver seu rosto todo suado e com aparência realmente cansada, então notei que ele iria falar alguma coisa.
- C...como...você...corre...a...assim?! – Desativei minha armadura que mais era uma roupa, e acho que aquilo foi o bastante para ele entender a resposta para a pergunta. – Então... os vendedores... chamam magos... pra coisas... tipo isso?! – Eu meio que cocei um pouco a cabeça antes de responder essa.
- Bem... magos recém chegados a guilda não podem fazer muita coisa, então acabam fazendo as missões mais simples. – comecei a deixar minha “aura” de poder magico fluir pelo corpo apenas na intenção de fazer ele pensar que eu poderia correr mais caso ele tentasse fugir, mas ao que pareceu, ele não iria tentar isso.
- Calma! Eu sei que você vai me levar preso e que provavelmente vai querer prender os outros três também!
- Inteligente você! Mas sim, tenho que fazer isso!
- Consegui notar ao menos que você diferente de outros magos que já vi pelas minhas viagens, tem um coração. Caso não tivesse, poderia muito bem ter me imobilizado facilmente e depois ido direto atrás de meus amigos, mas ainda está aqui.
- Preciso prender você! Roubar frutas ainda é considerado crime, e você e seus amigos, estão roubando homens que também tem coração como você diz! – Ele se levantou ainda um pouco cansado e olhou para mim.
- Será que antes de me levar preso, poderia lhe mostrar o motivo pelo qual eu roubei aquelas frutas?! – Ele estava segurando firme as duas laranjas e uma maçã que estavam em suas mãos.
Eu não deveria dar ouvidos a um ladrão, mas ele parecia ter quase a mesma idade que a minha, talvez uns dois anos mais velho, no máximo. Mas quando ele me olhava, percebi que não estava tramando nada, apenas estava querendo que eu visse algo. E então reequipei uma de minhas Lâminas Gêmeas e apontei em sua direção, ele ficou um pouco assustado de primeira, mas então eu disse:
- Vai na frente! – Ele deu um sorriso sádico e colocou o capuz, então fomos andando em direção a feira novamente. Passamos por um caminho menos comprido do que o caminho que viemos e então fomos passando pela feira, e seguindo pelo caminho em que eu vi a outra pessoa que estava com ele, ir correndo enquanto segurava o que pareciam ser outras maçãs. Depois de um tempo de caminhada, senti meu sono voltando levemente, mas então ele parou e eu segurei mais acirradamente minha espada.
- É logo ali na frente! Terceira porta, virando naquele beco. Pode ir na frente agora, se quiser! – ele falou isso mas como se tivesse algo de estranho acontecendo, havia uma expressão de dor em seu rosto. Continuei com minha espada alerta para ele e fui entrando no beco, ele foi andando logo atrás de mim.
Abri aquela terceira porta de madeira velha bem lentamente e aquilo fez um barulho maior e mais agoniante do que teria feito se eu a abrisse de vez. Fui entrando e caminhando em direção a uma pequena faixa de luz que eu via no fundo, e assim que cheguei mais perto, percebi que havia algo se movendo ali no canto, atrás de uma porta meio destruída que estava ali. Segurei a porta devagar e tentando não fazer barulho dessa fez e então a puxei de vez, tomando um susto logo depois e apontando minha espada na direção.
O que eu vi ali não foram nenhum tipo de armadilha, ou animal feroz, ou mais coisas roubadas, foram apenas três pares de olhos assustados, dois deles se fecharam e ficaram escondidos e um par de olhos continuava a me observar, tentando evitar demonstrar que estava com medo.
- Tudo bem, eu trouxe ele! – O garoto que veio comigo falou e aquilo deixou o par de olhos que eu ainda estava encarando, com uma aparência mais leve, mas logo depois pareceu mais irritado ao olhar de volta para o garoto. Foi então que o par de olhos foi subindo e subindo e então veio em minha direção, até que uma garota saia das sombras e passava direto por mim, indo em direção ao garoto. Ao ver aquilo, admito que fiquei um pouco chocado e comecei a entender o que estava acontecendo.
- O que pensa que está fazendo trazendo ele aqui?! Disse que iria tentar correr para fugir dele! – Os dois começaram a brigar um com o outro como se fizessem aquilo todo dia, os outros dois pares de olhos que eu vi, agora estavam mais próximos e podia ver que eram apenas dois outros garotos pequenos, provavelmente gêmeos, pois tinham os mesmos olhos e os rostos iguaizinhos.
Enquanto os dois ainda brigavam ali atrás, me virei para eles e bati com minha espada no chão, fazendo ela desaparecer, e assustar os dois.
- Será que alguém pode explicar isso aqui?! – Eu já havia entendido alguma coisa, mas esperava que alguém me explicasse. Foi então que a garota se sentou em uma cadeira em frente a uma mesa e colocou a mão no rosto, como se estivesse extremamente preocupada ou abatida. O garoto então olhou para mim.
- Esse é o motivo de eu roubar as coisas! Esse é o motivo de eu ficar indo naquela feira duas vezes por semana roubar algumas frutas! Olhe bem pra esse lugar, olhe bem pros meus irmãos! Olhe bem pra mim! Se não fosse por aquelas frutas, todos aqui dentro estariam mortos ou jogados em meio a rua chorando e implorando por dinheiro ou um misero pedaço de comida! Essa é a realidade de pessoas que não vivem numa guilda onde todos te dão atenção e todos podem sair pra se divertir quando quiserem! – O garoto estava falando, eu estava escutando o que ele falava, a garota parecia começar a chorar quando lembrava disso e ela tinha algo nas mãos que parecia um bilhete todo amassado e sujo.
Eu imaginava que aquelas frutas estavam sendo roubadas por um proposito, mas nunca havia parado pra pensar sobre a situação de quem as roubava. Naquele momento o garoto começou a falar algo sobre eu ter que prende-lo e que assim a irmã dele teria que dar um jeito de não deixar os outros irmãos morrerem de fome, mas minha cabeça estava em outro lugar, estava relembrando de quando perdi meu pai, e minha irmã foi levada, lembrava da sensação de estar caminhando sozinho pela cidade, em meio a um fim de tarde muito frio. Lembrava de quando sentia fome e tinha que sair pela floresta e ficar horas dentro do lago esperando um peixe cair em uma pequena rede que ainda havia sobrado da minha casa. Lembrei da sensação de estar completamente sozinho no mundo e de muitas vezes pensar que não havia esperança para mim, e lembro também do dia em que um homem veio até mim na cidade, quando eu estava sentado num banco do parque pensando sobre o que caçar pra comer, e então ele parou em minha frente e me deu um dos peixes que ele estava levando para vender. Aquilo foi uma das coisas que me fez sorrir novamente e acreditar que as coisas poderiam melhorar um dia, e então dois anos depois olhei para mim e vi como eu estava agora e em que tipo de situação eu estava. Foi aí que fechei o punho e bati com força na parede. Todos então pararam de discutir e olharam para mim um pouco assustados.
- Acha mesmo que é roubando frutas que vai fazer sua família mudar em algo?! Acha que se ficar roubando coisas da feira para alimentar seus irmãos é algo a que se orgulhar?! Você chama isso de vida?! – Comecei a gritar com ele e acho que aquilo adiantou para algo.
- Roubar para sobreviver é tudo o que podemos fazer. – A garota ainda estava chorando na mesa, mas conseguiu dizer essas palavras.
- Roubar, poder e sobreviver não são coisas pra se dizer na mesma frase! Olhe bem pra onde estão agora! Você sendo o maior, pode ser preso por roubo e pagar por isso! Você sendo a do meio e única mulher da casa, pode acabar sendo vitima de homens de má fé! E os outros dois pequenos vão acabar pelas ruas da cidade, sonhando com o dia em que um bom homem possa aparecer e oferecer nem que seja um peixe a eles, para que eles possam sorrir e dizer que ao menos naquele dia não precisaram ser desonestos para não morrerem! É isso que vocês querem então?!
Aquilo havia soado como uma bomba para aqueles dois, eles provavelmente sabiam que aquele seria o futuro deles caso não mudassem, mas precisavam da ajuda de alguém de fora para enxergar que isso realmente iria acontecer! A partir dali, eu segurei o garoto pela gola da camisa e fui arrastando ele para fora, a irmã segurou os ouvidos e começou a chorar e os outros irmãos começaram a querer correr atrás do irmão mais velho, mas a garota os segurou e abraçou os dois. Lá fora, o garoto pensou que eu fosse leva-lo preso, mas pelo contrario, fui arrastando ele até a feira, onde agora o movimento já havia passado, e os vendedores ainda estavam a vender coisas, eu fui caminhando em meio a eles, e todos começaram a olhar com uma feição de desgosto para o garoto, então parei com ele na frente do velho que ainda estava na cadeira de balanço e lhe disse:
- Eu estava me perguntando o que um homem como o senhor faria sentado numa cadeira de balanço desde cedo aqui pela feira sem cuidar de nenhuma barraca! - O homem não ligava para o garoto e apenas fumava e se balançava, então me olhou e disse algo:
- E então, o que deduziu?!
- Você é o homem que me chamou aqui não é?! O responsável pela organização e aluguel das barracas. Deve existir alguém responsável por isso, afinal se não tiver, isso tudo vira uma bagunça! E eu sei que é o senhor! – Ele parou de se balançar e fumar, então cruzou os braços e abriu mais os olhos.
- Muito bem meu jovem, e o que posso fazer por você?!
- O senhor gosta dessa cadeira não é?! Gosta daqui! Por isso que mesmo nessa idade continua trabalhando aqui na feira! Pelo visto não deve ter alguém para substituir o senhor daqui a algum tempo! – O velho fez um tipo estranho de sinal positivo com a cabeça e então continuei falando. – O que eu gostaria é... Oferecer uma ajuda! Mas não minha! – apontei para o garoto – Ele é que vai ajuda-lo! Talvez não seja a pessoa mais útil e bem preparada aqui, mas acredito que com a ajuda do senhor que parece ter tantos anos de pratica, nada é impossível! Sem falar que ele precisa disso! Precisa muito!
Os outros vendedores começavam a achar um absurdo tudo aquilo, sabiam que era ele que roubava as frutas e então começaram todos a gritar e dizer que jamais aceitariam um ladrão trabalhando ali. Todos falavam ao mesmo tempo e eu preferi não interferi em relação a isso. E nem mesmo foi necessário. O velho senhor apenas levantou sua mão em pedido de silencio, e então todos se calaram. O garoto estava parado atrás de mim, como se estivesse envergonhado e se sentindo mal pelo que os outros estavam falando. Mas então o senhor se pronunciou.
- Se esse jovem rapazinho não tentar parecer mais por aqui como ladrão e sim como meu auxiliar, e prometer nunca mais roubar ou brigar com ninguém, e dizer o mesmo aos outros que se juntam a ele... acho que poderei ser capaz de pensar numa solução muito agradável para minha.... qual seria a palavra.... Aposentadoria?! – Não precisei olhar pra trás para ver que o garoto estava começando a ficar melhor e talvez até a abrir um leve sorriso no rosto. E sem eu precisar dizer nada, ele tomou a frente.
- Eu não acreditava que um dia poderia assumir o papel do meu pai como homem da casa e trazer dinheiro e comida para meus irmãos. Desde que mamãe morreu e ele desapareceu deixando apenas um bilhete, roubar é a única coisa que mantem minha família viva. – Os outros vendedores pareciam estar dando atenção a história do garoto. – Eu não roubava por opção! Roubava porque achava que apenas isso faria minha família não morrer de fome um dia! Mas agora acho que pode haver uma chance para um garoto como eu.
O velho se levantou da sua cadeira e apertou o obro do garoto com uma cara como se falasse “Muito bem filho, agora sim você falou como um homem honesto!”. Eu fiquei apenas atrás deles, esperando a situação se resolver sem minha interferência. Os vendedores já estavam começando a fazer barulho novamente, mas dessa vez se ouvia as palavras “perdão, desculpas, aceitável e capaz.”, o que mudava completamente o rumo da coisa. No final daquele dia eu estava de volta a bendita caixa de madeira de onde podia observar uma melhor parte da feira e dali via o garoto e o velho sentados agora em duas cadeiras de balanço conversando, o garoto ainda meio tímido e desorientado, e a garota com seus dois pequenos irmãos estavam junto a uma senhora numa barraca de venda de maças, ela parecia estar mostrando coisas da feira para a garota e então ela pegou duas maçãs e entregou aos dois pequenos, sem que eles precisassem roubar dessa vez. Acho que aquilo me deixou feliz, pela primeira vez na vida eu via que o que aquele homem do peixe fez por mim era algo que podia mudar muito mais coisas do que eu pensava na época, e que é esse tipo de coisa que muitos ainda precisam. Me virei e então desci discretamente da caixa, caminhando de volta pra guilda sem querer que eles me vejam sair. Aquela havia sido uma boa missão.
Charlie H. Ayzawa- Cidadão
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Re: [Missões] - C. Hikano
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